La triste reine bleue
(A Beatriz Uchôa)
Nos fundos báratros mais escuros do mar,
Que por qualquer luz não podem ser alcançados,
Em meio a seus domínios inexplorados
Vive a Triste Rainha Azul a suspirar.
Ninguém neste mundo a pode consolar –
Nem mesmo os seus súditos tão devotados
(Esquálidos peixes de olhos arregalados)
Que vêm a seus pés para tributos prestar.
Seu pranto segue inaudito, borbulhando
Pela escura, imperscrutável vastidão,
Suas lágrimas c'o a água do mar se misturando...
E assim, sem esperança de salvação,
Permanece a Triste Rainha Azul, chorando,
Imersa em trevas e refém da solidão.