ADEUS
MOTE
"Pálida à luz da lâmpada sombria
Sobre o leito de flores reclinada
Como a lua por noite embalsamada
Entre as nuvens do amor ela dormia!"
in "SONETO" - Álvares de Azevedo
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Por que só para quem o teu olhar se volta
Há flores cor de mel adocicando o resto?
Fácil me vem à alma um ‘tico’ de revolta,
Chegada é a hora em que repetirei meu gesto.
Já sei que a noite cai, mas o luar não tolda,
Por isso, minha amiga, em versos me refresco,
Que tudo vem e vai, e a vida é que se amolda,
Tornando já o passado em fato pitoresco.
Pior se quando tudo o que existir for pouco,
E cada hora em nós for mal que nos agrida,
Trazendo ao nosso tempo um desgastado rouco.
Não venhas te fazer de moça arrependida,
De cor ainda sei cada teu gesto louco,
E tenho para mim que não estás perdida.
Miguel Eduardo Gonçalves