A VIDA E A VELA
A vida é sempre comparada a uma vela.
Concordo que é um sinônimo perfeito,
Pelo modo que se apagam, do mesmo jeito.
O que difere, e ao meu pensar se revela,
É que com um sopro a vela se apaga,
E a falta dele é que acaba com a vida.
Uma estava em lágrimas sendo consumida,
Pela outra, o choro não se acaba.
As tristes semelhanças aqui terminam,
A vela executou com brilho o seu trabalho.
Consumir-se nele é seu mister, sua sina.
A nossa, de tão complexa, de tão divina,
Não cabe num simples verso, e não termina
Sem que se vença um caminho sem atalho.
Em interação ao poema VELA VELADA, de fcunha lima, que em seguida enriquece a minha página com mais esta joia poética.
VIDA VELA
Vida de vela virgem qual vestal,
Morrendo mansamente na memória,
Pingando os pingos da sua estória,
Da sua imagem tida imortal.
Ver a vela em vida vegetal,
Na chama, esplendor da sua glória,
Em sua forma líquida simplória,
Da luz só resta a lágrima final.
Ao apagar-se chora gota a gota,
Sua, sua existência agora rôta,
Numa incerteza quase natural.
Derrama-se e depois se consolida,
Ao espalhar-se noutra sobrevida,
Aos pés de prata de um castiçal.
Fcunha lima