Arrebol
Entre idas e vindas, vão-se amores
E as paixões se enganam com alarde
Quando juntas à saudade, mais tarde
Surtam-se em lágrimas e em dores.
Amores e paixões, sem rumo e rivais
São as desilusões, o cálice, a prejura
Tal uma flor, o qual o cheiro não cura
A saudade do amor, as dores e os ais.
Corações servis, mansos, imperfeitos
E as paixões doentias, presas no peito
São flores murchas, que secam ao sol.
E os desejos que findam na berlinda
Feito os sonhos, sem remédio, ainda
Guardam na alma, o amor, o arrebol.