ESTAÇÃO PERSISTENTE
Pudores e reservas desnudados.
Desfilar de corpos em vivas cores.
Manso refém de hábitos recatados,
cubro-me no verão com minhas dores.
O eixo do planeta deslocado,
opera na mudança dos humores.
Ao inverno também não fui convidado,
persisto recolhido, qual as flores.
Pois que falta-me a coragem do outono!
Abdicar da vida em agudo tono.
Prefácio de desconhecidas eras.
Mas se nem o calor, o frio ou a morte
ousaram enfrentar ingrata sorte...
Reina em mim langorosa primavera!
*Em inteiração ao soneto
Primavera Langorosa,
de Poeta Carioca.