Dois Sonetos no Dia do Trabalho, em 2018


NO FERIADO DE DIA DO TRABALHO

Por inacreditável que pareça
Sinto em meu coração teu sofrimento
Tua dor. Eu me defendo de ti
Tu sabes que me defendo de ti.


Dia do Trabalho. É feriado.
Dia exato como outro qualquer
Como outros quaisquer são todo dia.
Eu também durmo e acordo com dor.


Que exímia tal dor! Que lauta dor!
Admira-me sua maestria
E sua fome de mim. Ah, tivera


Eu tal fome de mim! Teu desalento
Me habita, grita-me teu silêncio.
Mais um dia sem lutas. De inércia.

 
 
 
TRAGÉDIA ANUNCIADA
(Lembram-se? Hoje faz um ano)


Edifício tombado, chamas vivas
Apenas tudo cinza alguns segundos
Vidas vindo abaixo, queda livre
De vidas... Tão perto, o antigo Largo


O tão antigo Largo, tanta História.
No Dia do Trabalho, Ironia.
Cidade de ironias e de mortos
Os mortos sonhos, mortas esperanças


As vidas-cinza, em cinzas tecidas
Mais uma vez... E outra... E mais outra...
A Vida chora... Começa outro incêndio...


Presenças ainda vivas... Ainda...
Milagre-vivo, essa gente viva
Sobrevivente sempre a si mesma.

 
 


Nota. Sem imagens... Sem cores. Para quê?
Nota 2. Estes sonetos estão em "Sonetos no Outono de 2018" que esta no Recanto em e-livro. Se alguem tiver interesse em lê-lo, so baixa-lo.