Outros prados -soneto
Abandono os meus olhares esfalfados e fascinados
Se perderem nos desenhos sanguinolentos desta tarde.
Ponho-me a fazer um replay do que fui em outras eras
E percebo que lembranças e quadros não me faltam.
Dentre tantas recordações me vejo a fantasiar meus dias.
O sol brilhava em minha mocidade dourando os sonhos
Que fluíam num tempero de lucidez impassível e afoitos
Sem dúvida um festejo, em festa inacabada de colegiais.
Tudo então corria na mais eloquente comitiva de paz.
Risos gargalhadas hilárias e descontraídas faziam parte
Daqueles tempos que céleres e sem perceber andavam.
Para os longos anos que me esperavam camuflados
Nas nuances que o tempo bordava inquietamente
Para fazer-me lembrar do que fui. Em outros prados.