UMA ESTÁTUA

Durasse menos, mal seria humana

E dura, entanto, as chamas doutro abril,

Tão plena de si mesma, louca e urbana --

Em seus umbrais, desdenha a dor e o frio.

A verve é presa dessa noite na alma --

Afirma trevas sobre a paz alheia,

É brado que se quer suspiro e calma

Sob céus de estrelas más e lua cheia.

Estanca o tempo em cada sonho morto

Que encerra em si, resquício de quem foi,

Reflexo dando em troca um rosto torto

Por trinca que não chora e que não dói.

Se as mãos esboçam sombras num protesto

Inútil, tudo em volta ignora o gesto.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 29/04/2019
Código do texto: T6635447
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