"Se eu morresse amanhã"
Se eu morresse amanhã, não haveria
Triste irmã que a fechar meus olhos se dignasse,
Tampouco mãe que com suas lágrimas regasse
Minha esquecida e solitária campa fria.
Incógnito e imemorado eu partiria,
Sem que nada à posteridade legasse
Ou que meu nome entre os grandes perpetuasse
(Fora minha tosca coleção de poesia).
Abandonados os meus ossos jazerão,
E na estante da livraria a embolorar
Só meus medíocres cantos me acompanharão.
O que me anima é que, um dia, vou me vingar:
Receberei póstuma reavaliação
Quando um século de minha morte se passar!