DIVAGAÇÃO

DIVAGAÇÃO

Silva Filho

Nem se lembra do abraço apertado

Que meu verso aprontava todo dia

Sem dizer o porquê, então fingia

Que o abraço era algo recatado.

Devaneios de poeta mal-amado

Escondidos nos porões da estesia.

Sem querer, eu confesso que queria

Ser escravo desse caso mal contado.

Divagando... é assim que o tempo passa.

O poeta sempre tem a mão na massa

Trabalhando a melhor matéria-prima.

Como artífice esculpindo com as letras

O poeta tem o mundo nas gavetas.

Cabedal que se resume numa rima.