Soneto pulsante
Velavam os pés áridos
Beijavam os calejados dedos
Incitavam os quietos medos
Sepultavam os sonhos ávidos
Naquele alpendre tímido
Memória um pouco turva
A criançada e a uva fora da curva
Semeadas no seio do pinho úmido
Não era um sonho
Posto que nada dormi naquela noite
Era estória batendo à porta
Tampouco verso enfadonho
Naquele doloroso amor em açoite
Anoiteceram meus olhos pela aorta.