TEU BEIJO
TEU BEIJO
Carmo Vasconcelos
Teu beijo foi-se enrodilhado pela bruma,
No triste ocaso de um enlace deslaçado
P'las bruscas voltas dum tufão desordenado...
E hoje é sepulto como folha na caruma.
Foi-se como ovo rapinado ao mel do ninho,
Ou pena airada pla nortada desabrida;
Sonho afogado na maré brava e renhida,
Passo truncado nos percalços do caminho.
Mas se o teu beijo regressar noutro tufão,
Qual diabo solto, da voragem ressurgido;
A língua ardente da fogueira em combustão...
Sei bem que em fúria nossos lábios aguerridos
Se hão-de vingar da fatalista sujeição,
Ao devorarem-se em desejos incontidos!
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Lisboa/Portugal
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In E-Book “Sonetos Escolhidos I”
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