DEMÔNIO DE OLHOS VERDES
“IAGO — Acautelai-vos senhor, do ciúme; é um monstro
de olhos verdes que zomba do alimento de que vive.
Vive feliz o esposo que, enganado, mas ciente do
que passa, não dedica nenhum afeto a quem lhe causa
o ultraje. Mas que minutos infernais não conta
quem adora e duvida, quem suspeitas
contínuas alimenta e ama deveras”
Shakeaspeare, OTELO, CENA II, ATOIII
O nosso amor parece infinito
Tão doce, puro assim, sincero ardente
Se torna a cada dia comovente
Que causa inveja, e como, e faniquito...
Que mel de sedução quando eu te fito
É céu, é fantasia, é terra é mente
Na intrínseca junção tão diferente
Apareceu-nos algo esquisito:
Nossa união tão bela harmoniosa
Tornou-se desavença e tormento
Fiquei desconfiado e tu rixosa
Falava-nos estais por merecerdes
Um prêmio a esse amor – que tolo intento!...
Não ouçam o Demônio de olhos verdes!....
21/09/07