SONETO 143
O que fazer se meu amor foi roubado por um abutre?
E se meus sonhos zombam de mim ao acorde?
Paixão minha de dilemas ao soneto mera afinidade?
Tua luxuosa beleza me causa alergia,
Eu, que por uma desventura do amor fui alcoólatra,
Aos vinhos e vodcas que a ilusão tua tanto me alegra.
Os meus amores tinham fragrância de alcachofra,
E toda transa era um emaranhado de algas,
E teus seios me feriam feito atros agulha.
O que fazer se esse amor e tão forte badalada,
E na cama cabal o nosso sexo era uma bailada,
O teu gemer ao meu tesão que balbucia,
Somente interrompido por barata.
Eu já pensei que minha solidão terminaria nesse bangalô,
Mas, nosso amor foi disputado em carta de baralho,
Eu que me perdi no Inferno de um fiel católico,
Como num purgatório indo ao paraíso em centígrado.
Ó morte que as transas correm ao meu prazer de búfalo,
Moça de formosura sonética dançando ar britânico,
O meu clamor depressivo aos amores pobres de mim um brejo,
Vou rasgar teu sutiã com a boca e cortar tua calcinha, mas teu sapato, lento, desamarro o cadarço.