ÚLTIMA NOITE
Quando a vida deixou seu branco seio,
Era toda ternura e paz etérea.
Entre meus braços, onde a morte veio,
Ficou mais linda em mórbida matéria.
Sem tristeza, sem dor, nenhum receio,
Anjo livre, compondo na miséria,
Uma noturna paz que sobreveio,
Nem parecia em lástima funérea.
Abracei inda mais forte minha amada,
Por toda aquela longa madrugada
Quem nos visse, diria observando...
Que éramos, certamente, ali tão juntos,
Ao sono feliz, dois vivos sonhando,
Ao leito eterno, dois lindos defuntos.