SONETO 146
Por teu amor perdi a salvação
Eis que tua beleza é uma perdição
Dai-me ó Deus deste amor a tua pura danação.
Os teus olhos são lagos de luz
Desta paixão de romântico na Cruz
Tocar tua alma ao soneto jus.
Ó venturada deste meu pecado
Em ti perdi meu tesouro achado
Quão doce melodia à tua memória pensado.
Na dívida de uma vida corro o risco
Pois tua formosura em meu eu é cisco
E contemplar tua graça de ser rico
Teu sorriso alvo como o sol me faz vivo.
Das guerras ao medo que perdi o amor
Em enlaces selvagens deste teu favor
Meu anjo que roubou-me meu penhor
Descrever-te teu mel embriago-me do teu sabor.
Tua graça a que fulgurante me és mística
As poesias do meu sofrimento tu és lírica
E ti sonho no azul aos vermelhos da vínica
Vida, que me deu o sentido ó dai-me o dia!