SONETO 151
Eu me sinto como um abandonado cachorro
Andando pelas ruas com fome, e medo
Esperando que algum deus me reserve um trevo.
Na rua existe fezes, lama e um fedor de urina
Na rua esse cachorro tem malandragem e malícia
Mas o coração tem grande amor e química.
Nas esquinas da luminária somente insônia
Sem um amor que possa arrancar-me a vergonha
Desde muito novo entendi que não há cegonhas.
Sou um cachorro de andanças e mui gritos
Esperando receber uma esmola do pobre mímico
Sem amigos, sem pipocas, sem ao menos os latidos
Meu viver nos bares é um coração rude e, partido.
Ó esperança dos fortes onde sou pobre sombrio
Ó valentia dos corajosos onde sou anjo caído
Ó sensação de morte ao bailar dos pés nos ladrilhos
Sou Lúcifer, sou a Lua, sou o Sol, sou sonetos e cãs
de míseros.