SONETO 152
Como é bela e morna a noite
Cantando os sonhos à carinhosa sorte
Descansarás tu da boa e hipnótica morte.
Ó sintonia veloz de violento vórtice
Rodopiando ao pesadelo de selvageria forte
Pois o onírico do teu sono nos guia ao norte.
Deitada em corpo frio tem auspícios de sede
Descansar faz bem na garbosa rede
Entre flores de púrpura ao fruir dos verdes.
Ó morte cruel de tosco e humilde ronco
Na apoteose de cair todos os rudes troncos
Pois tu dormes e não tem sensatez no plano
Morre de arroubos da boêmia este terrível ano.
Tu sabes o quanto tu pagou nesse sonho?
Em fugidas quimeras de Hipnos sem ganhos?
Com amor de poeta ti fiz o lírio de tua alma santo
Para no onírico dessa minha morte acordar desse antro melancólico tão sozinho e gótico.