O teu mar
O mar que ostenta a tua boca insta e arde
Por um beijo aquiescente neste outono
Em pleno brilho que recobre a tarde
Nos tons rubro, sedoso, doce e altíssono
O serpentear da tua língua, o alarde
Que crepita escondido, quente e uníssono
Invade-me a boca e ainda que eu me guarde
Cedo-me de olhos de um profundo sono
No anseio com que asperges sobre mim
O mar apaixonado e tão revolto
Co' o qual vidrado, encontro-me eu envolto
Respondo com meus lábios de furor
Fundindo as almas íngremes de amor
Unindo nossos pélagos enfim