LIVRE ARBÍTRIO - soneto

LIVRE ARBÍTRIO

Lílian Maial

A dor da poesia é conhecida,

não há chaga no mundo tão cantada.

Poeta é talho e cura da ferida,

seu verso: uma poção envenenada.

Poema é peste, é praga contraída,

nas noites sem luar, de madrugada;

é a bênção que me torna absolvida,

palavra que me trai, desenganada.

Querer ou não querer não vem ao caso,

não tenho esse poder e nem queria

ser dona do destino dessa pena.

A rima é que me escreve, por acaso,

me elege na tristeza ou alegria,

liberta o coração ou me condena.

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