OUTONANDO

Se a flor de abril cantasse do que sente

Ornando tais silêncios já sem cura,

Calando até suspiros, de repente,

À margem de cuidados, de ternura...

Se a fuga houvesse, em pétala insolente,

Exalado sem pejo a queixa impura,

O dia avesso a preces, simplesmente

Seria o mensageiro da loucura.

Pois tudo quanto cala em si confina

O inventário das dores soberanas

Se amar não basta e a ausência contamina.

Em gesto pesaroso o dia apanha

O adeus que não se adapta a mãos humanas,

Oh, flor de abril, monarca a mais tacanha.

.

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 03/04/2019
Código do texto: T6614909
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.