SENHORA VIOLA
Faz-se ouvir suavemente um coral de pardais
Seguindo submetidos um som distinto no sertão,
Não de bicho, nem de gente, mas de cordas celestiais,
Viola tão somente, e quase, mas nem sempre, confundida ao violão.
Imigrante de países longínquos cuja origem pouco sabe-se,
Soa macio aos alvos ouvidos como um regato de elogios.
Inda que o sol castigue ou o céu entenebrecido desabe,
Todavia haverá melodia, pra qual for o tempo, gera arrepios.
Cada qual que tenha ciúmes de sua mulher,
Que eu cuido do brilho das curvas de minha senhora,
Pra dizer que deveras me importo se choro ao tanger.
Se a saudade apertar acho o tom, vou-me embora.
Só eu, Deus e minha viola vê e entende,
Os segredos que das cordas dessa cabocla à minh'alma se extende.