Armário
Da tenra idade a lembrança é o medo
Não poder amar por amar como ama
Puro coração, claustro do segredo
Como? Tanto medo em uma criança
Dias e dias e noites... Tocalha
Beijo escondido. Volátil. Sumido
Desejo a cortar sua pele. Navalha
E vive um conto às avessas. Fingido
Fecham-se os olhos a sua verdade
Grita em silêncio, preso sem ter grades
Vê por uma fresta em seu mundo vazio
Na fresta, na luz, um sopro de futuro
Mas batem-lhe a porta. Regressa ao escuro
Teatro. Tragédia! Ninguém aplaudiu.