PÂNTANO

Todos os silêncios dessa hora aflita

Calam do que somos, chafurdam no lodo,

Na lama dum pântano em tramas e engodo

Onde nada muito digno cresce e habita.

Somos os sussurros duma ave esquisita

Quando a noite acolhe o abjeto -- de que modo

Viceja a alma espúria a lamentar o todo...

Onde coaxa um sapo e uma gralha crocita.

Há nuvens propondo censuras à lua

-- hipócritas! -- quanta inveja descontente

Virtude nos frágeis em vão perpetua...

Ah, todas as penas dessa alma que sente

Que tudo é só lama, a verdade mais crua --

Do charco, até o céu parecerá doente.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 24/03/2019
Código do texto: T6606108
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