PÂNTANO
Todos os silêncios dessa hora aflita
Calam do que somos, chafurdam no lodo,
Na lama dum pântano em tramas e engodo
Onde nada muito digno cresce e habita.
Somos os sussurros duma ave esquisita
Quando a noite acolhe o abjeto -- de que modo
Viceja a alma espúria a lamentar o todo...
Onde coaxa um sapo e uma gralha crocita.
Há nuvens propondo censuras à lua
-- hipócritas! -- quanta inveja descontente
Virtude nos frágeis em vão perpetua...
Ah, todas as penas dessa alma que sente
Que tudo é só lama, a verdade mais crua --
Do charco, até o céu parecerá doente.
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