Pudera
Pudera eu não amar, melhor viver...
Andar pelas ruas de alma tranquila,
Ser um pêndulo tal que não vacila,
Ser perfeito na forma de mover.
Pudera eu ser da razão pupila...
E toda minha ação prudente ser,
Para com isso ao mundo oferecer
Previsões ponderadas de sibila.
No entanto, amo amar como quem vive
Em única estrada; ter declive;
Ser pêndulo torto, só ter um lado;
Poder viver falhando-me a razão;
Pupila ser do meu humano coração;
Não prever nada além do meu amado.