GUME DA ESPADA
Claudicante, perdido no vale de agruras
de um voraz desviver sob os dias pesados,
encharcando os resquícios de força em tristuras
que gotejam de seus sentimentos castrados.
Rastejante, com a alma riscada em suturas
que, de frouxas, não fecham canais supurados,
delirando de dor nos porões das loucuras,
vai penando aos ardores dos dons estuprados.
Uma angústia profunda lhe bate a chibatas
de ambições, egoísmos e ações correlatas.
E nos ossos dos nervos, o gume da espada!
Cego à luz que viceja de sol esta Terra,
seu sentido de vida na treva se encerra
e se apaga, derrete e se espalha no nada.