GUME DA ESPADA

Claudicante, perdido no vale de agruras

de um voraz desviver sob os dias pesados,

encharcando os resquícios de força em tristuras

que gotejam de seus sentimentos castrados.

Rastejante, com a alma riscada em suturas

que, de frouxas, não fecham canais supurados,

delirando de dor nos porões das loucuras,

vai penando aos ardores dos dons estuprados.

Uma angústia profunda lhe bate a chibatas

de ambições, egoísmos e ações correlatas.

E nos ossos dos nervos, o gume da espada!

Cego à luz que viceja de sol esta Terra,

seu sentido de vida na treva se encerra

e se apaga, derrete e se espalha no nada.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 15/03/2019
Código do texto: T6598480
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.