Sangue de artista
O que eu peço à vida é o meu dissabor,
Que me aflinja, fira e me despedace;
Que meu sangue derrame e suje a face;
Que meu peito se rasgue a meu favor;
Que eu seja sincera, sem ter disfarce;
Que eu intensa demonstre o meu amor;
Que eu não me acovarde diante da dor,
Mesmo que ela, certo dia, me desgrace.
E que eu viva gentil e morra enfim,
Pra deixar pra esse mundo algo de mim,
Que meu sangue me sirva e à minha arte.
Que eu registre em poema isso que sinto,
Que eu me torne um artista, um ser distinto,
E que eu deixe no mundo a minha parte.