Sangue de artista

O que eu peço à vida é o meu dissabor,

Que me aflinja, fira e me despedace;

Que meu sangue derrame e suje a face;

Que meu peito se rasgue a meu favor;

Que eu seja sincera, sem ter disfarce;

Que eu intensa demonstre o meu amor;

Que eu não me acovarde diante da dor,

Mesmo que ela, certo dia, me desgrace.

E que eu viva gentil e morra enfim,

Pra deixar pra esse mundo algo de mim,

Que meu sangue me sirva e à minha arte.

Que eu registre em poema isso que sinto,

Que eu me torne um artista, um ser distinto,

E que eu deixe no mundo a minha parte.

Anne Negreiros
Enviado por Anne Negreiros em 12/03/2019
Reeditado em 02/05/2022
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