Corte profundo

Uso palavras simples e bobas, por vezes,

Palavras de criança, sem muita estrutura,

Busco por dentro e, com alguns reveses,

Elas são tolamente banhadas de brandura;

Trago umas palavras chorosas de saudade,

De coisas que pressinto ou sonhos que vivi,

Outras, as palavras mescladas de verdade,

De desejos insanos e dos amores que pari;

Às vezes, busco uma palavra perdigueira,

- saio desembestada e louca atrás dela -

Cavoco à unha, fuço, vasculho a clareira,

Não a encontro e me quedo em descrença

Na inútil busca da expressão pura e bela:

A palavra sincera que faria toda diferença.

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