QUE VENHA A REDENÇÃO
O pano apodrecido da camisa
Estampa uma rotina de flagelos
Que atrai brutais repulsas, ojeriza
Dos que desfrutam anjos e castelos.
Rotina desde o feto, o breu cativa
Às cordas da miséria e seus severos
Arreios que atam brio em carne viva
E sangram esperança a golpes feros.
Silêncio de quem pena atroz pobreza
Fervilha em fibras, nervos lentamente
Inflando raiva e dor insuportáveis.
Sairá, senhores áureos da riqueza,
Dessa aflição calada, incandescente,
O grito redentor dos miseráveis.