SONETO DA SAUDADE
Eis aqui pequena parte de um delírio;
Um afincamento inepto, exemplar;
Garotice travestida de martírio,
Expressão de um egocêntrico penar.
Um sentir que desafia o consentir,
Este que trago no peito por alguém
Que partiu e já bajula um outro bem,
Tendo-me paralisado, bem aqui.
Vivo dentro desse conto, descontente,
Sem futuro, sem amor, sem liberdade;
Neste inútil livro que ninguém mais lê;
Num esforço desconexo e incoerente,
Apego-me, cada vez mais, à saudade,
Que é o pouco que me resta de você.