VOX NOCTE

Desperto , um vão de tábuas, no escuro,

Olhos vagantes, as sombras devasso.

O tronco reto sobre o plano duro,

Tentando em vão caber dentro do espaço.

Um verme dentre os dedos capturo

A devorar-me o tônus, um pedaço.

Na ação do tempo, inchado me supuro

Muitas lembranças, ácidos, fracasso.

Maldizendo céus, deus - vulto vencido,

Alma noturna triste a clamar,

Nada serei e nunca mais será

Meu grito rouco pela noite ouvido,

O que me resta? O trágico grunhido,

Do ofício triste de malassombrar

Renan Ivanildo
Enviado por Renan Ivanildo em 28/02/2019
Reeditado em 06/09/2024
Código do texto: T6586391
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