UMBRA SUM
Descobri minha cova por acaso,
perdido na penumbra do caminho,
a campa fria em que esquecido jazo
sem flores, sem cuidados, sem vizinho.
No chão de pedras posto em desalinho,
quem fui um dia, num sepulcro raso,
hoje o verme necrófilo mesquinho,
o corpo vai roendo ao eterno prazo.
Sou espectro que vaga pela sombra,
vulto que a existência inda assombra
e que deus por maldade, por desleixo,
esqueceu de juntar aos condenados,
questão mal resolvida sem desfecho,
malassombro arrastando seus pecados.