Mudo

Parafusos soltos, eu ouço

O tintilhar do aço frio e range

dentro deste vazio, quando tange

O teu olhar na dura massa

O mal de ser vil matéria, ante mim passa...

Um cálice sublime, mas a mão dura

Infame se estende mas se o segura

Debalde vai sedenta... e o estilhaça

No verme que a terra agora escruta

Há mais vida que em minha sombria gruta

De planos e projetos pré-traçados

É triste ter olhos de janela inculta

Existir, numa esfera que nos insulta

Querer gritar, mas por fim...morrer calados.

Moisés Lopes
Enviado por Moisés Lopes em 20/02/2019
Código do texto: T6579638
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