Mudo
Parafusos soltos, eu ouço
O tintilhar do aço frio e range
dentro deste vazio, quando tange
O teu olhar na dura massa
O mal de ser vil matéria, ante mim passa...
Um cálice sublime, mas a mão dura
Infame se estende mas se o segura
Debalde vai sedenta... e o estilhaça
No verme que a terra agora escruta
Há mais vida que em minha sombria gruta
De planos e projetos pré-traçados
É triste ter olhos de janela inculta
Existir, numa esfera que nos insulta
Querer gritar, mas por fim...morrer calados.