À MÃO LIVRE
À MÃO LIVRE
Se o desenho é imagem desregrada,
Inverossímil traço o olhar me toma
Da Natura onde a mão logo retoma
À luz sua poesia figurada.
Está entre o olho e a mão toda a jornada
Que em sentido insuspeito à pena doma
Co'a transparência mesma de redoma
A abrigar-me a memória ultrapassada.
Um movimento livre tem meu gesto
Para haurir-me d'oculto algum segredo
Ao mal maior que fora a mim molesto.
Quase consolo d'alma ida em degredo,
Hei-de retornar o olhar ao que me é, de resto,
À mão livre traçar o meu enredo.
Belo Horizonte - 18 08 1998