BOTA-FORA
BOTA-FORA
A casa que construí eu demoli,
Deitando fora os restos n'um baldio.
O meu terreno está todo vazio;
Este, cheio d'entulho presumi.
Um pouco do qu'eu fora aqui e ali
S'espalha desde o muro ao meio-fio:
Louças, cacos, vitrais, vergonha, brio...
Museu a céu aberto ao que vivi.
Logo me cobrirá estes monturos
O colonhão que cresce feito praga
E faz das ruas vãs antros escuros.
Por último, a garrafa que m'embriaga
Eu lanço a esconjurar aos céus futuros:
-- "Apenas males tive como paga!"
Betim - 15 02 2019