ansiedade

delineando o futuro em contornos vãos

a caneta falha tanto quanto o imaginar

a passagem das horas só faz sufocar

noite que vem e fica, não há mais chão.

eis aqui o baile do porvir

que a mente aflita há de organizar

todo conviva é uma benção ou um pesar

quem sabe os dois - basta sentir.

as unhas em lascas na mesa

a pele mordida em lassidão

peso maldito, bater do coração:

dor pungida da alma presa.

a mão nos compostos de passiflora

suave demais para tamanho tormento

melhor seja derribar o sofrimento

lançando esta consciência fora.

e sem sonhos como os mortos dormir

livre de amarras do amanhã

e da vida que me obriga ao afã

de sempre almejar o existir.

Zéfiro Alves
Enviado por Zéfiro Alves em 15/02/2019
Código do texto: T6575736
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