ansiedade
delineando o futuro em contornos vãos
a caneta falha tanto quanto o imaginar
a passagem das horas só faz sufocar
noite que vem e fica, não há mais chão.
eis aqui o baile do porvir
que a mente aflita há de organizar
todo conviva é uma benção ou um pesar
quem sabe os dois - basta sentir.
as unhas em lascas na mesa
a pele mordida em lassidão
peso maldito, bater do coração:
dor pungida da alma presa.
a mão nos compostos de passiflora
suave demais para tamanho tormento
melhor seja derribar o sofrimento
lançando esta consciência fora.
e sem sonhos como os mortos dormir
livre de amarras do amanhã
e da vida que me obriga ao afã
de sempre almejar o existir.