O CIRCO DO MUNDO

Quem sou eu: um chato de galocha?

Um vulcão adormecido? Poço sem fundo?

Um cristão perdido? Um burro de carroça?

Pobre poeta cantando as dores do mundo?

Quem sou eu: um índio sem palhoça?

Caixinha de surpresas? Solo fecundo?

Um desesperado que se afoga na poça,

Vivendo meus dias em cismar profundo?

Quem sou eu: Don Juan? Dona Joça?

Burocrata de carreira? Nobre vagabundo?

Almofadinha com um pé na roça?

Um ser alienado? Cidadão furibundo?

Neste cismar quiçá eu inda possa

Descobrir meu papel no circo do mundo!

*Soneto na estrutura, por que gosto de escrever assim. Mas ao ler, não perca seu tempo contando sílabas poéticas, pois não as contei ao escrever.