Maria [26-08-2015]
Cumprimentou-me a Lua à janela
À moda antiga, cortês e fria:
Banhou-me a doente luz amarela
Descida dos céus, em muda letargia
Doeu-me o peito no auge da cortesia
Não culpo a Lua, mas a causa foi ela
Que trouxe à memória a dura nostalgia
De minha amada morta, trancada em cela
Se soluço agora em ensandecido pranto
Retomando a dor da antiga mazela
Enterrada há muito nos negros fios de Maria
É porque percebo que o maior encanto
Do amor puro que eu ofereci um dia a ela
É a conversão dorida nesta pérfida agonia!