O HIPÉRGRAFO

O HIPÉRGRAFO

Sim, prolixo talvez fosse impreciso. 

Era antes como alguém cuja mania

Lhe impunha pôr em versos quanto havia,

Pois no afã de poetar de sobreaviso.

De facto, era bem falho do juízo…

Em arvorar-se um príncipe à poesia,

Ele mais escrevia que vivia

Se remirando em folhas vão Narciso.

Sem cuidar se era lido ou compreendido,

Enche as folhas de mal traçadas linhas

Apenas pelo gosto e para o Olvido.

Assim, passando as horas mais sozinhas,

Demonstrava em sua obra sem sentido

O quanto a arte e a loucura são vizinhas.

Betim - 07 02 2019