Cais D'ouro
Havias de ter aparecido antes,
Diante da face do poeta que te celebra,
Tu que tens ares evidentes de Minerva,
Vista maior de todos os mirantes.
Havias de ter-me sorrido antes,
Quiçá cesarias as tempestades de outrora
E a instabilidade potente e implacável do agora,
Seríamos, do amor, perpétuos amantes.
Tu, meu cais d'ouro onde o meu barco atraca,
Inexiste soneto que te cante com propriedade,
Não há lirismo que de ti enfim se abarca.
Diz-me, amada, insondável cais d'ouro, remanso,
Dá-me, morena, a regalia de ter-te comigo,
A fim de que possa ter em ti o meu descanso.