Soneto "Arqueiro"
ARQUEIRO
Tempo exato da seta e do alvo.
Tempo do arqueiro e da exata palavra.
Não mais que um segundo, tempo da lavra.
Arqueiro e segundo, exato crivo.
Assim a vida, veredas perdidas.
Nunca mais o sol claro da palavra
Nem as luas do silêncio, as sobras
Da memória, colheitas abortadas.
O ciclo da paineira é imutável.
Em todo Outono ela floresce, eu olho.
Amo com esta inveja branca, imóvel
E nada além do exausto olhar eu colho.
Não natureza, eu coisa humana
Que me dizem divina. Ora... Ora...
Do livro "Sonetos no Outono de 2018", postado como e-livro no Recanto.
Boa noite, amigos.