LÁGRIMAS MARRONS

Escorrem os rejeitos de minérios

a bordo da enxurrada lamacenta

e, em meio à correnteza violenta,

laceram sonhos, erguem cemitérios.

Do ser humano os atos deletérios

limites desrespeitam na sedenta

procura pelas cifras que incrementa

a torpe construção de seus impérios.

O capital domina os olhos, cega,

inflama os corações e se encarrega

de abrir feridas, avultar as dores.

Mais quantos Brumadinhos, Marianas

precisam sucumbir às suas ganas?

Por caridade, digam, meus senhores...