Soneto sobre grandes defeitos
Pedes-me que escolha um grande defeito...
Certamente elejo a ingratidão,
Irmã gêmea da amiga traição,
Ambas juntas, os males, que rejeito.
Um amigo, certa vez, contrafeito,
Do bem que fizera me deu noção.
E, com amargor, disse da decepção
Da grande malquerença de um sujeito,
Que, por se vexar com o bem recebido,
Ao rever tempos de necessidade,
Na bonança da vida inconcebidos,
Para furtar-se ao gesto agradecido,
Escolheu a blasfêmia e a crueldade
A quem um dia o ajudou, comovido!