O Estado

Vinde a mim; vinde, vós todos que estais...

Com fome, e saberei o que temeis,

Vinde, que e a cada um, três eu lhe darei,

Três medidas do trigo que plantais.

Dez, sim, com dez medidas ficarei;

Não planto, mas prometo, e isso é bem mais...

Do que podeis colher; vinde, esperais,

E ao mundo inteiro vós dominareis.

Vossa fome não clama pelo trigo,

O trigo me entregais, fracos, esquálidos;

Tendes urgências outras, bem o sei!

Espectros cadavéricos, sois pálidos,

Eis que o vosso suplício é nobre, amigos;

A mim sacrificais; por mim morreis.

Fábio Rezende

Tenho a honra de receber a interação do Poeta Carioca, essa Fera dos versos e dos sonetos:

*** PANGEIA HUMANA ***

Elevado e extremado estado Estado!

Senhor feudal maior - pai de utopia -,

Domador de destinos na escopia

Que, generalizada, vê. Malvado!

Multiplicando chuva de arrastados,

O pós moderno rei, na hierarquia

Do poder sobre os fracos de anarquia,

Agrilhoa bilhares de abastados!

No profundo silêncio dos inermes,

Os homens se remexem feito vermes,

Como se fossem filhos dos gametas.

Não. Feito a hipertrofia aterradora,

A humanidade cresce sofredora,

Feito única Pangeia dos planetas!

Poeta Carioca