OJERIZA
OJERIZA
O que tenho de ti é quase ranço;
Ou mesmo má vontade que me toma,
Quando a desilusão ao horror se soma
Diante d'esse teu ar de louco manso.
Apenas de te ver eu já me canso...
-- Porque tanta vaidade não se doma? --
Às vezes preferia estar em coma,
Que te escutar grasnar que nem um ganso.
Se a nobreza me obriga a polidez,
Não devo já passar por descortês
Dizendo-te o que sinto pela cara.
Sem embargo, bem cuido que tu sabes
E finges que no meu desgosto cabes
Tão-só por me fazeres a hora amara!
Betim - 06 01 2019