Almas afins...
Cada onda que chega beijando a praia entrega-lhe discretos saberes de todos os cantos do mundo, ao voltar e se juntar a outras em alto mar não é mais a mesma, está diferente e enriquecida levando também das areias, de maneira consentida, fragmentos novos que se somam a um mosaico em expansão lenta e progressiva, pavimentando caminhos ainda não descobertos, mas desde sempre disponíveis.
Assim são as almas afins que no tempo certo passam na vida umas das outras e não tentam delas se apropriar, mas sim, com gentileza e anuências mútuas, seguem mudadas, desconstruídas e rearranjadas, certas de que jamais serão as mesmas, sigam juntas ou não.
Paulo Afonso de Barros