Soneto da Espera
Te esperei; e o te esperar foi tanto
e tanto andei ao ermo, sozinho,
enceguecido entre lôbregos caminhos
lamentando dores, desalento e pranto...
Fugia do pesar profundo, um desencanto
pungente me abatia; o fel era meu vinho;
a miséria, a dor, o coração em desalinho...
Já o Anjo da Sombra me deitara o manto.
Aprisionado pelas lágrimas e penúria
torturavam-me trismos e gemidos,
tantas almas loucas de além-eras.
Esfacelada, em fim essa minh'alma espúria,
faço parte da escória dos banidos;
mas te espero além do calvário das quimeras.