Soneto da Espera

Te esperei; e o te esperar foi tanto

e tanto andei ao ermo, sozinho,

enceguecido entre lôbregos caminhos

lamentando dores, desalento e pranto...

Fugia do pesar profundo, um desencanto

pungente me abatia; o fel era meu vinho;

a miséria, a dor, o coração em desalinho...

Já o Anjo da Sombra me deitara o manto.

Aprisionado pelas lágrimas e penúria

torturavam-me trismos e gemidos,

tantas almas loucas de além-eras.

Esfacelada, em fim essa minh'alma espúria,

faço parte da escória dos banidos;

mas te espero além do calvário das quimeras.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 15/09/2007
Reeditado em 19/09/2007
Código do texto: T653888