JURAS DE ANO NOVO
Agora, que já se avista o fim do ano,
é tempo de adular velhas mentiras.
Tomar o inverossímil por decano,
se lambuzar no prato em que cuspira.
Que janeiro soterre os desenganos,
antes que o frio de julho aqueça a ira.
E faça brotar em ti o mais que humano,
anel de bruta pedra, invés safira.
O deus Tempo, iludindo perdedores,
cochichará segredos conhecidos:
“Não hão de ser projetos desertores,
barreiras ao nobre dever cumprido!”
Dezembro vem trazendo sua herança...
Fracassos disfarçados de esperança!