Soneto da Infidelidade
Ai de ti, ingênuo e tolo sentimento,
Que te crees imune à vontade espúria
Ai de mim, presa fácil da luxúria,
Que se impõe ao amor em detrimento.
Prenhes nuvens de descontentamento,
Ventos fustigantes de lamúria
Ai de mim, que respondo pela incúria,
Chuva ácida de arrependimento
Vida que segue na monotonia:
Tépidos mares de tranquilidade,
Despertando a vontade arredia
E de novo vem a necessidade,
Tempestade fatal se anuncia
Ai de mim, refém da lascividade!