BATALHA CONTRA O ESPELHO
Se diante do espelho hoje me vejo,
Não reconheço mais os mesmos traços;
Os dias se passaram e, hoje são laços,
Dos quais tento fugir, porém fraquejo.
A imagem refletida em seus espaços,
Até zomba de mim quando bocejo...
Quero sorrir, entretanto, praguejo
A triste sorte e estes meus cansaços...
E nesta minha briga com o espelho,
Percebo-me vencido e me assemelho
Ao próprio Dom Quixote e seus moinhos,
E a minha Dulcinéia é a própria vida,
Que imaginei tão bela e hoje, sofrida,
Já não suporta mais longos caminhos.