BATALHA CONTRA O ESPELHO

Se diante do espelho hoje me vejo,

Não reconheço mais os mesmos traços;

Os dias se passaram e, hoje são laços,

Dos quais tento fugir, porém fraquejo.

A imagem refletida em seus espaços,

Até zomba de mim quando bocejo...

Quero sorrir, entretanto, praguejo

A triste sorte e estes meus cansaços...

E nesta minha briga com o espelho,

Percebo-me vencido e me assemelho

Ao próprio Dom Quixote e seus moinhos,

E a minha Dulcinéia é a própria vida,

Que imaginei tão bela e hoje, sofrida,

Já não suporta mais longos caminhos.

Jorge de Oliveira
Enviado por Jorge de Oliveira em 28/12/2018
Código do texto: T6537250
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